por Jaqueline Oliveira | fev 17, 2021 | ORA ET LABORA
“Muito bem servo bom e fiel; já que fostes fiel no pouco, eu te confiarei muito. Vem regozijar-te com teu senhor.” Mateus 25, 21.
A fidelidade é ‘um hábito bom’ e necessário tanto para vida de oração quanto para o trabalho, num todo, ela faz com que cumpramos com nossa palavra, com nosso dever, invés de nos deixarmos levar pelos nossos impulsos e sentimentos que variam continuamente, é dito no livreto ‘Fidelidade’ que a pessoa fiel é feliz com as exigências que a sua fidelidade lhe impõe.
Bem, você já deve ter escutado ou lido essa belíssima parábola sobre os talentos: o senhor viaja e confia a cada um de seus servos o seu talento, de acordo com a capacidade de cada um, a um confia dois talentos, a outro cinco e ao outro um; depois de muito tempo o senhor retorna e pede contas daquilo que lhes foi confiado e cada qual apresenta os “frutos”. Os que foram fiéis e fez render os talentos recebe um elogio amoroso, o último porém nada fez, o único talento que lhe havia sido confiado foi enterrado e devolvido para o senhor e este o repreende severamente, chamando-o de servo mal e preguiçoso. Trazendo para nossa vida, Deus nos confia também “talentos”, os dons, as graças que todos os dias sem que percebamos nos é confiado e Ele nos concede de acordo com a nossa capacidade, o que lhe é confiado não é o mesmo tanto que é confiado ao próximo pois cada um tem uma circunstância e cada alma é única e diferente umas das outras, umas estão mais adiantadas outra no início da sua caminhada, umas mais abertas, enquanto outras mais resistentes a Deus e assim por diante. Acontece que corremos o risco de agirmos como o último servo, que guardou o “talento” para si, tem coisas que fazemos, sabemos e temos que parece que é nosso, como se não nos fosse dado, e tem coisas que vemos de forma clara que é pura graça divina. Mas nada é nosso, até aquilo que pensamos que é nosso propriamente dito não é, tudo é graça imerecida; o servo pensando talvez que se guardasse aquilo que lhe foi dado pelo seu senhor poderia devolve-lo — pra quê fazer render os frutos se estes serão pedidos de volta? — e ficar com aquilo que ele julga ser dele mas Deus diz “ao que não tem será tirado mesmo aquilo que julga ter”, essa atitude foi fruto da falta de generosidade. Somos sujeitos a essa tentação de acharmos que Deus está sendo duro, de sermos egoístas ou calculistas no que devemos dar para ser de Deus e no que deve ser somente nosso, corremos o risco das pequenas infidelidades que pode nos levar a grande infidelidade, ‘tristeza’ eterna, em contrapartida somos chamados a cada dia sermos fiéis nas pequenas coisas para sermos também nas grandes e alcançar a felicidade Eterna.
Diria que é magnânimo ser fiel nas pequenas coisas, enquanto as grandes não acontecem sempre, nossa vida não é como num filme, é por vezes monótona, é rotineira, simples e por isso é preciso muita atenção para não deixar passar as pequenas graças ou cruzes, não à toa que o Santo do cotidiano disse que temos ‘que descobrir o segredo – para tantos escondido – da grandeza e da novidade: o Amor‘, essa grandeza e novidade desse amor está escondido naquilo que por falta de atenção ou por achar insignificante passa por nós sem notarmos as pequenas coisas. Passamos o dia entediados ou cansados e parece que não aproveitamos, não amamos porque ficamos aguardando um grande ‘evento’, uma grande cruz, um grande ato quando poderíamos através de pequenas atitudes ter colocado mais ‘lenha’ no fogo da caridade em nós.
O pecado venial não tira de nós o amor de Deus, como faz o pecado mortal, porém ele enfraquece esse amor, vai nos tornando pouco a pouco tíbios e pode nos levar a cair em algo maior: o pecado mortal. Em contrapartida a fidelidade no nosso dever, na nossa vocação, no nosso apostolado, nos estudos, isso vai alargando nossa alma, tornando-a grande.
Há tantas pequenas coisas que podem ser feitas e aumentar em nós o amor a Cristo: fazer um sinal da cruz bem feito, rezar quando não se tem vontade, recitar uma jaculatória, fazer oração com atenção, sorrir quando não se tem vontade, ser dócil com quem nós é difícil, tentar ouvir com atenção o próximo, silenciar quando se quer brigar ou fazer um comentário áspero, preparar a comida com especial cuidado, entregar os trabalhos dentro do prazo, dedicar-se no tempo proposto para os estudos, não deixar para depois o que se pode fazer no dia de hoje, abrir mão de alguma guloseima, ter discrição ao se mortificar, fazer bem feito o que se dispôs a fazer, manter a beleza no lar para fazer um lugar agradável, entre outras infinidades de pequenas coisas que podem ser feitas, que torna a vida amável ao próximo e faz que com que nos mortifiquemos, pois esse “cuidado com os pormenores vai exercitando a vontade e acostumando a mente… quem se habitua a cuidar do que é pequeno não fracassara quando chegar o que é grande”.
Talvez você pense que foi dito muito sobre pequenas coisas, mas nada nasce grande, não é mesmo? A maior árvore já foi muitíssimo pequena, um único grão de areia é insignificante, mas tantos, tantos e tantos outros formam a praia, o mesmo com o mar, ou uma grande chuva, formada por tantas gotas d’água, quem diria que aquilo é pequeno? Nós mesmos já fomos bebês, não sabíamos nem andar, nem falar, não sabíamos de nada, erramos se desprezamos as pequenas coisas, só seremos fiéis naquilo que é grande quando soubermos valorizar e aquilo que é pequeno, isso exige humildade, generosidade e paciência, sabendo que nada é nosso e se Deus nos exige os frutos não é por interesse próprio, Ele é Deus e nós não aumentamos e nem diminuímos em nada a Sua grandeza, a Sua glória, até quando adoramos e o louvamos em nada isso afeta ou o faz mais feliz, ou “mais Deus” ou mais grandioso, Ele é aquilo que É, o que Ele nos pede, exige, tudo é para nosso bem, para o benefício, salvação e santificação de nossa alma. Que Deus lhe abençoe e lhe conceda a graça de ser fiel nas pequenas coisas e um olhar atento e coração disposto para descobrir o segredo escondido: o Amor!
Deixo aqui, por fim, essa frase belíssima de Santo Agostinho para lhe ajudar nesse caminho: “o que é pequeno, pequeno é; mas aquele que é fiel no pequeno, esse é grande.”
FONTE: Fidelidade, Javier Abad Gómez
por Tamiris Cruz | jan 30, 2021 | MULIERES DEI
Ao olharmos ao nosso arredor vemos facilmente quais são os padrões de vida, sonhos e desejos almejados que estão impregnados na mente da maioria dessas mulheres. Não será surpresa se muitas delas disserem que o ápice da vida delas é conquistar a sua casa, o seu próprio carro e ter dinheiro para poder comprar o que quiser.
Se passarmos horas e mais horas nas redes sociais consumindo os seus diversos tipos de informações e sendo atraídos a consumir cada vez mais, não é de se assustar que com mais frequência queremos ter as coisas que esse mundo oferece, de forma que ficamos mais presos a elas, e quando digo coisas do mundo, não falo apenas em dinheiro, mas também em status, prazeres, poder etc. E aqui não condeno as redes sociais, e nem ter ou não ter certas coisas pois se soubermos usá-las como um meio para alcançarmos a Deus não tem problema algum.
Sem percebermos estamos vivendo cada vez mais fora da nossa realidade, estamos sendo fisgadas pelas coisas do mundo, pelos nossos prazeres e vontades, por ficar só mais um pouquinho no Instagram ou assistindo essa série enquanto as pessoas ao nosso redor pedem por nossa ajuda.
Quantas vezes não rezamos as nossas orações rapidamente para podermos fazer aquilo que nos agrada mais ou até mesmo deixamos de fazê-las?
Quando foi que paramos de desejar a eternidade e nos deixamos ser seduzidos por coisas sem importância?
Talvez seja difícil de enxergarmos, mas existem atos que se feitos com amor nada e nem ninguém deste mundo poderá apagar. No nosso dia existe uma série de oportunidades para conquistarmos cada vez mais o céu e infelizmente temos perdido!
Talvez a sua pia esteja cheia de louça, a casa esteja uma bagunça ou até mesmo você precise ajudar a sua família porque seus pais chegam cansados do trabalho; Pensando bem, até mesmo precise conseguir um emprego para ajudá-los na renda familiar, ou talvez você já seja uma mulher do lar que precisa atender o seu marido e seus filhos da melhor forma possível, e o mais importante talvez você não tenha rezado hoje, não tenha parado para ver que em meio às situações difíceis o quanto Deus a ama, e insolentes como somos não retribuímos esse amor, porque tudo é prioridade em nossas vidas menos AquEle pra quem fomos criadas para amar e servir. Se Ele não é o centro das nossas vidas de nada adianta as outras coisas, pois tudo virará pó! Não deixe as oportunidades que Cristo te dá para amá-Lo escaparem.
“Tenho medo do Deus que passa e não volta mais” Santo Agostinho
Sim, devemos temer por todas as graças que Deus quis nos dar e recusamos, pois, tais graças não voltarão mais.
Quantas vezes perdemos a oportunidade de rezarmos mais, de servirmos mais, estudarmos mais e de amarmos mais?
E por fim perdendo essas sequências de oportunidades já não seremos mais os santos que Deus quisesse que fossemos, portanto, comprometa-se a partir de hoje a mudar de vida, assumir a sua vocação com excelência e não deixar para depois o que Deus te pede agora. Vençamos a preguiça, mortifiquemos a carne e andemos segundo a vontade do Espirito.
Deus abençoe!
por Jaqueline Oliveira | jan 9, 2021 | ORA ET LABORA
Este ano será dedicado ao Glorioso São José, no qual a grandeza de sua vida é desconhecida por muitos, afinal, não é dito muito sobre ele nos Evangelhos e nenhuma palavra por ele foi transcrita.
São José viveu “as sombras” de Jesus e de Nossa Senhora, não o digo para diminui-lo mas para trazer aqui um aspecto belíssimo de sua vida, a união da vontade dele com a de Deus, união esta que o fez buscar unicamente o olhar de Deus e não do mundo, que fez com que ele vivesse uma vida escondida e sem brilho diante dos homens, mas grandiosa e gloriosa diante de Deus, e é esse aspecto de sua vida que gostaria de refletir para que possamos de alguma forma, dentro de cada circunstância, estado de vida e trabalho aplicar em nossa vida.
São José em tudo foi obediente a Deus e porque era justo (santo), humilde e um homem de oração estava em união à Sua vontade. Em seu íntimo, Deus lhe dizia o que fazer e ele com atenção e prontidão fazia-o sem hesitar, como diante do mistério da encarnação em que ele, não porque duvidava da pureza e santidade de Nossa Senhora, mas por humildade – pois “não se achava digno de assumir para si o fruto tão santo daquele ventre” – pensou em deixá-la e Deus lhe falou em sonhos para assumir aquele chamado e não temer em receber Maria por esposa.
Ao ouvir as palavras da Imaculada, escuta com atenção, acolhe, aceita e obedece, dando-se por inteiro nesse chamado magnânimo de chefe da sagrada família, de zelar pela pureza de Nossa Senhora, de proteger o Menino Deus das garras de Herodes, de ensina-lo seu ofício, a manejar as ferramentas; penso em São José na sua carpinteira oculto do mundo, com Jesus, se santificando dia após dia, pois que “o trabalho humano, ordinário e cotidiano, se feito em união com Cristo, é um caminho de santificação pessoal”.
A vocação dele é totalmente diferente dos apóstolos, digo que até seja contraditório os estados de missão, de fato, os apóstolos saiam em missão pelo mundo pregando para multidões e Deus realizava milagres através deles, enquanto São José estava na sua carpintaria, anos antes, cumprindo sua missão que era cuidar e educar o maior milagre que a humanidade poderia receber, o Menino Deus.
Dá mesma forma que tais fatos brilharam diante de mim, espero que também brilhe diante de seus olhos, pois a vocação de São José e dos Apóstolos mesmo sendo um pouco diferente em seus estados de missão, tem em si a mesma finalidade que é fazer a vontade de Deus.
Se fossemos resumir em palavras e transcrever nesse texto, diria que a santidade é: “Estar unido a Vontade de Deus”. Também não podemos permitir que tal permissão torne-se um fardo ou até mesmo algum motivo de tristeza, embora muitas vezes seja difícil e até chegamos a relutar, chorar, brigar, não querendo aceitar a Santa Vontade por tantos motivos, seja pelo pecado original, falta de oração, orgulho etc.
O que fará com que nos santifiquemos não é o que fazemos em si, mas porque fazemos, é a união com o querer de Deus, estar onde Ele quer que estejamos, abraçar as circunstâncias, em nosso trabalho cotidiano; Talvez você trabalhe numa grande corporação e seja reconhecido ou em uma pequena empresa onde não haja “reconhecimento” dos seus esforços, tudo isso não importa, quantos empregos “ocultos” no mundo que passam despercebidos, mas que sem esses trabalhos não teríamos o que temos; a dona de casa, a mãe que cuida do seu lar “de Nazaré”, trabalha tanto, se sacrifica e é tão importante para os seus, quem está olhando suas abnegações diárias? Quem está olhando as noites de sono sacrificadas? A paciência que ela tem de exercer quando a irá quer lhe tirar dos trilhos? O pai que não é tão solicitado quanto a mãe, que tem como que um “simples papel”, que trabalha para sustentar os seus, cada trabalho, cada sacrifício, ou até reconhecimento, há os que pelo estudo, pela vida intelectual é chamado a servir o outro, pelo ensino etc.
Tudo isso pode e deve ser um meio para nos unirmos a Deus, pois Ele é o nosso fim último, e é abraçando a cruz, seja pequena ou grande que a cada dia nos é proporcionado, devemos cumprir fielmente nosso dever, como São José, atento e obediente.
Vemos que a vida de oração e de trabalho estão interligados, quanto mais oramos mais nos silenciamos e torna-se mais fácil ouvir a voz de Deus, portanto, aprendamos, pois, com São José a não buscar as coisas dessa terra, mesmo que tenhamos reconhecimento, mas sim, as coisas do alto, que nos darão o reconhecimento dos eleitos, sendo fiel nas pequenas coisas para que possamos ser também nas grandes, lembrando que a vontade de Deus que nos santificará e nada mais.
Uma frase que particularmente para mim é uma lição e resume a vida de São Jose:
“Que ninguém nunca fale de nós contanto que Deus fale um dia”.
Fonte: https://padrepauloricardo.org/
por Tamiris Cruz | nov 26, 2020 | MULIERES DEI
Quantas vezes nós mulheres temos vivido uma vida sem sentido, perdida no tempo e na missão pessoal. Afinal de contas, qual é realmente a nossa vocação? O que a Santa igreja realmente nos indica?
A carta apostólica ‘Mulieris Dignitatem’, escrita por São João Paulo II relata a importância da mulher e a sua dignidade.
Na carta expressa o quanto mais a mulher se permite ser guiada pelo Espírito do Evangelho muito mais chances terá a humanidade em não decair.
Pare e reflita sobre o que São João Paulo II propõe, de fato é maravilhoso diante do contexto “valorização da pessoa feminina”, entretanto, mesmo diante de tal seriedade no assunto e valorização dada pelo Santo Padre, devemos abraçar de todo coração essa missão que nos compromete por inteira.
Ok, mas que missão é essa?
É ofertar a nossa vida em sacrifício de amor ao outro, é lembrarmos de que Deus nos fez únicas tanto fisiologicamente quanto psicologicamente e que essas tais características florescem de acordo com a nossa abertura ao amor e a vida, sermos mães é essa a nossa vocação, povoando o céu de forma natural ou espiritual.
Nunca foi fácil cumprirmos essa missão que somos destinadas, pois eu e você mulher sabemos muito bem que nossas vidas não são pautadas sob um contexto de “linha reta”, pelo contrário sofremos ondulações constantes, um dia estamos felizes e alegres outro dia estamos tristes e deprimidas.
Convivemos com uma batalha diária internamente em nós e externamente de nós para sermos aquilo que Deus quer, a fim de corresponder o real sentido de nossas vidas, o fim último de nossa história.
Existe em nós o dom a receptividade e uma autodoação que nos foi dada desde o nosso nascimento, porém, devemos desenvolvê-las para estarmos prontas a nos encontrarmos com o outro.
” A maternidade tem, no mundo das pessoas, o cunho de uma perfeição espiritual particular: a geração no sentido espiritual e a formação de almas.” [1]
Tem missão mais linda e grandiosa do que essa? Gerar almas para Deus. O Criador quis te dar essa vocação, Ele á escolheu, te quis fazer mulher! Quis que você fosse responsável para povoar o céu e gerar verdadeiros adoradores para Ele.
“Mas vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito e verdade, e são esses adoradores que o Pai deseja. ” (1Jo 4, 23)
Não deixe que essa missão se perca no nosso egoísmo, em nossas vaidades ou nas coisas passageiras desde mundo. Temos pouco tempo para realizar aquilo que Deus quer de nós, Avante! Não podemos parar até que se cumpra a nossa missão.
Vai doer, vai ser sofrido, mas “Amor e Sacrifício é assim intimamente ligado quanto o Sol e a Luz. Não se pode amar sem sofrer e sofrer sem amar.” Santa Gianna
Referências:
______________________________________________
1. São João Paulo II. Amor e Responsabilidade. Editora Cultor de Livros, p.253
João Paulo II, Carta Apostólica “Mulieris Dignitatem” (MD), de 15 ago. 1988
por Jaqueline Oliveira | nov 25, 2020 | ORA ET LABORA
Lembro-me de um trecho do livro de Santa Catarina de Siena onde dizia que “o Espírito Santo havia lhe ensinado como construir para si mesma uma cela no seu interior”.
Graça que Santa Catarina adquiriu diante de uma realidade não muito comum diante dos grandes Santos Monges e Monjas; Por ter uma família grande, teria que trabalhar muito e ao mesmo tempo, não poderia abandonar a vida de oração, contudo, ela mesma afirmava que estava servindo Jesus Cristo, a Virgem Maria e os Apóstolos.
Os monges por sua vez, vivem uma vida “simples” dividida em algumas dimensões, sendo elas: oração e trabalho. Tanto que o que mais me chamou atenção em um documentário sobre a vida dos Cistercienses [1], era a forma que eles rezavam e trabalhavam, de modo que, como se cada ato realizado fosse pensado, não era algo apressado, de qualquer jeito, mas totalmente ao contrário, é ordenado, bem vivido e experienciado, tornando o trabalho uma extensão da oração.
Talvez possamos cair na seguinte tentação: “Ora mas eles são monges e nós não, é impossível viver da mesma forma”, talvez você pense isso pelo fato de viver em um mundo agitado, com tantos ruídos, preocupações, afazeres no lar, estudos, trabalho, enfim, “tantos – tantos”, mas o que gostaria de indagar é o que temos feito e como temos feito nosso trabalho? Como que Santa Catarina conseguia fazer as coisas na sua casa, com sua grande família, servi-los, mas permanecer nesta cela interior? Como não desperdiçar esse meio que é o trabalho para nossa santificação pessoal e também salvação das almas? Comecemos, pois pela oração…
De fato, o trabalho deve ser uma via de santificação para nós, um meio eficaz onde podemos exercer muitas virtudes e até mesmo contribuir para a salvação das almas “trabalhar é amar, é servir e é voltar a criar. A construção do mundo, desde a sua origem, foi trabalho de Deus”, entretanto, com a oração.
São Josemaria Escrivá, o santo do cotidiano diz que “como é que serão as tuas obras, se não as meditaste na presença do Senhor, para bem ordena-las? Sem essa conversa com Deus, como hás de acabar com perfeição o trabalho de cada jornada?” se os nossos atos não estão ordenados e muito menos oferecidos para Deus, então de nada adiantará tantos “afazeres”. A oração não só é o elemento fundamental, como também é a base para que saibamos pôr em ordem os nossos atos e sentidos diante de Deus e por meio dela que vamos tendo força para suportar uma dificuldade, saber dispor do que temos para beneficio do outro e para alcançarmos as virtudes que o trabalho nos propõe.
É pedindo pois a Luz do Espírito Santo que vamos vendo onde nosso amor próprio estava, como erva daninha, invés do amor de Deus que é o que fará com daremos bons frutos, dizemos tantas vezes que não temos tempo, quantas vezes temos tempo mas nos faltava no fundo determinação, uma pequena renuncia, deixar o celular por um instante, por exemplo, ou acordar um pouco mais cedo, ou se organizar melhor, porque sempre temos tempo para navegar nas redes sociais, ouvir nossa musica preferida, responder um amigo, mas nos falta a determinação, a compreensão que a oração é para nossa alma o que o alimento é para o corpo, portanto se não tivermos um momento para orar, por mais singelo que seja, de silencio, de recolhimento, de “meditar na presença de Deus”, nos perdemos, vamos confundindo a importância das coisas e vamos nos deixar ser arrastados e desordenados.
Não é por que somos de vida ativa que não conseguiremos ter vida de oração, pelo contrário, precisamos e muito dessa condição para sermos sal e luz no mundo e ainda mais para alcançamos a santidade, então que possamos ao levantarmos agradecer a Deus pelo dom da vida e ao o anjo da guarda, pois por meio dele, que tivemos nossa vida guardada durante a noite, logo a vida é um dom e por isso devemos pedir a graça de zelar por esse dom e não desperdiçar o dia que nos foi dado. As jaculatórias ao longo do dia podem ser de grande valia, pois são atos espirituais que elevam o coração a Deus, contribuindo com a nossa memória a se lembrar de Deus dentre os afazeres, mesmo sendo eles: no estudo, no seu lar, trabalho etc.
Lembra que perguntei o que e como fazemos nosso trabalho? Pois bem, devemos pela oração pedir misericórdia pelo que não fizemos tão bem (voluntariamente) e oferecer com humildade aquilo que fizemos bem, aqueles minutinhos ou horas, quem sabe, que passamos ociosos na internet, podem ser mais bem aproveitados pela oração pessoal ou lectio divina (leitura orante da palavra); Aos poucos vai aumentando pois a medida com que conhecemos a Deus, mais o amamos, mais queremos amar e só se ama o que se conhece, e é pela oração e leitura da palavra, a participação dos sacramentos, que vamos conhecendo a Deus.
Os santos rezaram muito e os monges seguem os mesmos passos, por que descobriram que é por meio da oração que se une de verdade a Deus; O trabalho e o apostolado que os santos tiveram é então uma extensão dessa vida interior cultivada no silencio, no recolhimento e penitencia, é por isso que se torna uma atividade frutífera, via de santificação, caminho árduo, mas que vale a pena.
Para que saibamos aproveitar bem os meios que Deus na sua providencia nos dispõe para nossa santificação, caminhemos com passos sejam eles curtos ou largos, mas caminhemos sempre lembrando que “nossa melhor arma é a oração… devemos ser almas contemplativas no meio do mundo, que procuram converter o trabalho em oração”.
[1] Minha Biblioteca Católica – Documentário sobre a vida dos Cistercienses.
FONTE: Vida de Santa Catarina de Siena.
Sulco 448 e 497 São Josemaria Escrivá.
Fidelidade, Javier Abad Goméz.