Vamos meditar neste mês sobre um trecho do começo do Evangelho de Marcos, proposto pela Liturgia para o último domingo do mês de janeiro.
Mc 1, 21-28
21 Entraram em Cafarnaum e no sábado foi à sinagoga e se pôs a ensinar. 22 Admiravam-se da doutrina, pois ele os ensinava como quem possui autoridade e não como os escribas. 23 Havia na sinagoga um homem com um espírito impuro, que gritou: 24 “O que tens tu conosco, Jesus Nazareno? Vieste perder-nos? Sei quem és: o Santo de Deus!” 25 Mas Jesus o intimou dizendo: “Cala-te e sai deste homem”. 26 Agitando-o violentamente, o espírito impuro deu um grande grito e saiu. 27 Ficaram todos tão admirados que perguntavam uns aos outros: “O que é isso? Eis uma doutrina nova com autoridade. Ele manda até nos espíritos impuros e eles lhe obedecem”. 28 E sua fama se espalhou logo por toda parte em todas as regiões da Galileia.
Bíblia Ave Maria
A fim de tirarmos inefáveis proveitos da leitura da Boa-Nova, peçamos ao Santo Espírito a luz para entendê-la.
Nesse Evangelho, Jesus se faz perceber. Não só por ensinar na sinagoga, o que já atrai a atenção das pessoas, mas por dar ordens, e ordens de exorcismo. Vemos que há dois sentimentos marcantes dos interlocutores de Jesus: medo e admiração. O espírito impuro teve medo: “Vieste perder-nos?”. Outra tradução diz: “Vieste para nos destruir?”. Os espíritos maus, diante de Jesus, tremem de medo. Vemos também que há uma confissão que acompanha a reação do demônio, apesar de seu medo: “Sei quem és: o Santo de Deus!”. Ora, povo de Deus, até os espíritos imundos sabem e confessam que Jesus Cristo é o Messias prometido! Os próprios demônios o confessam! Qual não deve ser, pois, o nosso ato de reconhecimento da divindade de Jesus.
O outro sentimento que aparece no texto é a admiração. Outro termo também cabível é “espanto”, que às vezes é tomado como sinônimo de “admiração”. Esse sentimento, porém, esteve com os que ali estavam na sinagoga. Foram tomados de admiração não só pelo ensinamento novo do Senhor, mas sobretudo pelo exorcismo que Ele operou: “O que é isso? Eis uma doutrina nova com autoridade. Ele manda até nos espíritos impuros e eles lhe obedecem”!
Parece aqui que o aspecto de autoridade tem bastante importância; de fato, é por meio da autoridade que é possível acatar ordens. O texto de Marcos faz questão de citar a autoridade logo no começo do texto: “Admiravam-se da doutrina, pois ele os ensinava como quem possui autoridade e não como os escribas.”. Se os próprios professores de religião e conhecedores das Escrituras, os escribas, não ensinavam com autoridade, e se vem Jesus com autoridade no ensino e no exorcismo, é claro que isso causará espanto. Com razão disseram: “O que é isso?”.
Porém, aqui, é de se perguntar se a admiração dos que estavam presentes conduziu à conversão do coração, e conversão sincera. Será que aqueles judeus só viram um ato extraordinário de exorcismo, onde o espírito impuro chacoalhou o homem e saiu, ou viram realmente que a Promessa do Messias se cumprira? Será que todos que se admiraram com Jesus, naquele sábado, se voltaram para Ele?
Ainda hoje muitos chegam a conhecer os prodígios e maravilhas que o Senhor opera, sem lhes desvendar, porém, o significado mais profundo. É uma admiração superficial. Assim, quantas vezes nos admiramos com as maravilhas de Deus, e na prática não acontece o que o próprio Senhor deseja para nós, que é a conversão. Quantas vezes nos são concedidos milagres, graças, bênçãos e tantos outros mimos por parte de Deus e não há esforço mínimo e o suficiente da nossa parte.
Que possamos acordar, de fato, para o desejo que o Senhor tem pela nossa conversão.
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