Hoje tem se tornado comum dizermos ou agirmos tudo conforme o ambiente, mas não é normal que isso aconteça. Ambiente que nos induz a tomarmos posições não reais, ou seja, viver em uma mentira bem contada e convincente. No caso do tema de hoje, o namoro também não ficou de fora dessa lista de mentiras que a ignorância e o ambiente rebaixaram, fugindo do real sentido e finalidade.
Vale a pena lembrar que a palavra namoro é proveniente de enamorar, que na prática não é senão um “cortejar”, ou seja, um esforço para conseguir inspirar amor ao outro. Tais práticas na realidade eram comuns de serem exercidas até o século 19, beirando o século 20; quando no século passado, com a forte influência de várias ideologias no seio da família, fez-se com que se mudasse as intenções dos jovens entre as famílias, abolindo os conselhos dos antigos, de cujos relacionamentos já duravam anos, por conseguinte, a grande maioria desses influenciados pelo “novo mundo” decidiram ter mais “liberdade”, corrompendo o sentido da sua vocação e fazendo crer na grande mentira que o namoro não é um passo fundamental para ter uma família, mas sim, para uma autossatisfação corpórea e material.
Pois é, até esse ponto quis resumir bem para que pudéssemos entender melhor o que é realmente o namoro, trazendo para dentro de nós um pequeno despertar da matrix que muitas das vezes vivemos e não percebemos.
Entenda, tudo que foi criado por Deus, tem um porquê! Inclusive o tempo de “namoro”; como acabou de ler, o namoro não é para uma autossatisfação corpórea e material, pois seria um grande rebaixamento de sua finalidade, mas sim para você “cortejar” no amor e se aprofundar nesse amor em Deus. O namoro é a fase que te fará pensar melhor sobre si e seu futuro, pois quando se está namorando, se é despertado para diversas realidades, sendo elas os sentimentos que estão dentro de mim, quem realmente sou, os compromissos que posso assumir e união de corações.
Interessante olhar para o namoro não observando as etapas que ele pode nos proporcionar, mas sim, a sua finalidade. Se deixarmos de olhar para a finalidade, perderemos o foco e facilmente tropeçaremos em alguma das etapas propostas, por diversos motivos, como a própria ansiedade. O mesmo aconteceria se quiséssemos construir uma belíssima casa, mas se começássemos pelo telhado. Se não olharmos para a finalidade, não entenderemos que deve ser construída da base, ou seja, primeiras etapas, até as últimas.
Quando citei que se é despertado para diversas realidades e tudo por etapas, dependendo do amadurecimento pessoal e dentre essas a primeira são os “sentimentos que estão dentro de mim”, escrevi para que você entenda que algo novo acontecerá contigo, quando iniciar o namoro ou estiver próximo de iniciar. Seus pensamentos, desejos e sonhos começarão a ser conduzidos para o outro, como se não conseguisse mais pensar em si, somente na outra parte que te falta. Essa realidade, podemos bem defini-la como “amor eros” – um amor romântico e cheio de enobrecimentos. Naturalmente, ao passar do tempo tende a diminuir. O mesmo também poderá te instigar para o contato físico, afetivo e sexual; lembra-te muito bem do que você está lendo, isso não significa que você realmente o(a) ama verdadeiramente, pois estão em uma etapa nova e tudo que é o novo, gera um sentimento de curiosidade e hiper interesse, então, vigiem e rezem; busquem olhar para o outro além dos sentidos externos, tentem aprofundar-se no que realmente é válido e duradouro, contudo, firmes na finalidade real do namoro.
Após um tempo de namoro, é natural que haja ao menos um pouco de amadurecimento e autoconhecimento, fazendo com que muitas máscaras caiam. E quando digo, muitas são muitas mesmo. Nesse momento o outro conhecerá melhor quem você é e você o(a) conhecerá melhor. Os disfarces, teatros e atuações não serão mais aceitos, pois saberá realmente quem está ao seu lado. Como pode acontecer daqueles que diziam ser românticos e simpáticos e que agora revelam os seus reais interesses. Não escrevo isso para os assustarem, mas também para ser franco. O mundo real não é um conto de fadas e muito menos se inicia com um “era uma vez”, mas é uma realidade que a nossa dimensão espiritual deve transcender. Em cada desencontro e queda de máscaras, deve considerar com franqueza os defeitos que você e o outro expôs, no intuito de melhorá-los, pois esse exercício não é senão a primícia em atos de um novo amor que nascerá – amor philia, que poderá perdurar em seu matrimônio.
Amadurecidos e contentes em saber que estão dispostos a melhorar pelo bem comum, surge no coração o desejo de decidirem mais firmemente um para o outro. Veja bem, a realidade do namoro (quando bem vivida e observada com propósito), te impulsiona à verdade, e contemplá-la te liberta, tornando-os verdadeiramente livres. Pode até acontecer de vocês sentirem um esfriamento, pois arrefeceu a paixão e o amor que foi construído se solidificou na decisão conjunta. E eis o momento de fazer com que a finalidade última do namoro aconteça: Terminar.
Sim, exatamente o que você leu. O namoro, o cortejo – esforço de conquista, deve terminar. A conquista deve chegar, e eis o momento que após entenderem que a disposição dos corações sobrepõe a qualquer limitação humana tendo em vista o cumprimento da vocação; por isso deve-se terminar.
Quando chegarem nessa etapa do namoro, que muitos por aí dizem que se adquire somente no noivado, na realidade o noivado não deveria ser momento para esse amadurecimento, mas sim para os preparativos finais, para esse cumprimento da finalidade última do namoro, fazendo com que as disposições naturais e espirituais se ofertem gratuitamente em prol de uma união sonhada por Deus.
Seja bem-vindo à realidade.
Ótimo texto! Parabéns