EXAME DE CONSCIÊNCIA PARA ADULTOS

EXAME DE CONSCIÊNCIA PARA ADULTOS

 A PARTIR DOS DEZ MANDAMENTOS DE DEUS E DOS PRECEITOS DA SANTA IGREJA

Para os que depois do Batismo caem em pecados, instituiu Jesus Cristo o Sacramento da Penitência com as palavras “Recebei o Espírito Santo; àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados, e àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos” (Jo 20, 22-23).

Esse Sacramento é a “segunda tábua da salvação depois do naufrágio da graça perdida” (Concílio de Trento)

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Esse exame de consciência tem como objetivo ajudar os fiéis a fazer uma boa confissão. Ele é indicado para adultos (a partir de 14 anos, aproximadamente),  contendo pecados específicos contra o 6º e 9º mandamentos. Ele não contém todos os pecados possíveis, como é evidente, mas serve como um guia para ajudar a esclarecer a consciência, a partir das leis objetivas da moral. Além disso, os pecados mencionados não têm necessariamente a mesma gravidade. Alguns são por si veniais, outros mortais, outros podem ser veniais ou mortais, conforme o caso. Por exemplo, um furto pode ser um pecado mortal ou venial, dependendo da quantia furtada. Note-se que não estão incluídos aqui os pecados e deveres próprios de cada profissão, como médico, advogado, comerciante, etc. É preciso lembrar-se deles ao fazer o exame de consciência.

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PARA UMA BOA CONFISSÃO

Fazer um bom exame de consciência, pedindo a Deus a graça de conhecer os próprios pecados e de se arrepender deles. .

Arrepender-se dos pecados, reconhecendo a ofensa causada a Deus, o mal para si mesmo e detestando os pecados.

Firme propósito de não mais tornar a pecar.

Confissão com acusação íntegra dos pecados, dizendo todos os pecados mortais, sua espécie e quantas vezes foram cometidos. A ocultação deliberada de um pecado mortal torna invalida a confissão.

Aceitação da penitência.

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Oração para antes do exame de consciência

Senhor Deus onipotente, prostrado humildemente diante da vossa divina majestade, vos rendo infinitas graças por todos os benefícios que de vossa inefável bondade tenho recebido, e em particular por me terdes criado, conservado, remido e cumulado de tantos bens e mercês, muitos dos quais eu ignoro.

Rogo-vos, Senhor, humildemente, que vos digneis conceder-me luz abundante para conhecer todas as faltas e pecados, com que vos tenho ofendido, e graça eficaz para me arrepender e me emendar.

(Manual da Paróquia, 1942, p. 87)

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ANTES DOS MANDAMENTOS

  • Há quanto tempo você fez sua última confissão?
  • Você recebeu absolvição?
  • Você cumpriu sua penitência?
  • Você deliberadamente ocultou um pecado mortal, ou confessou sem arrependimento verdadeiro, ou sem um firme propósito de correção, ou sem a intenção de cumprir sua penitência?
  • Você, após essa má confissão, recebeu a Santa Comunhão em estado de pecado mortal?
  • Quantas dessas Confissões e Comunhões sacrílegas você fez?
  • Você, em estado de pecado mortal, recebeu qualquer outro Sacramento?

I MANDAMENTO: “EU SOU O SENHOR TEU DEUS, NÃO TERÁS OUTRO DEUS DIANTE DE MIM”

Os pecados contra o primeiro mandamento são os seguintes:

  • Negligência na oração (distrações voluntárias, poucas orações)
  • Ficar mais de um mês sem rezar
  • Ingratidão para com Deus
  • Preguiça espiritual
  • Ódio a Deus ou à Igreja Católica
  • Tentar a Deus (explicitamente ou implicitamente, por exemplo, expondo-se a um perigo para alma, para a vida ou para a saúde sem causa grave)
  • Não se comportar adequadamente em uma Igreja (por exemplo, não fazer a genuflexão para o Santíssimo Sacramento ao entrar ou sair de uma Igreja, etc.)
  • Excessivo apego a coisas/criaturas (por exemplo, afeição exagerada a animais, fanáticos por esportes, ter ídolos de TV, música, cinema, amor pelo dinheiro, prazer ou poder)
  • Idolatria (adorar falsos deuses bem como honrar uma criatura no lugar de Deus: como Satanás, a ciência, os ancestrais, o país)
  • Superstição (atribuição de poderes a uma coisa criada que não os possui. Muitas vezes, por ignorância das pessoas, não passa de pecado venial)
  • Hipnotismo (sem causa grave)
  • Adivinhação (comunicação com Satanás, demônios, mortos ou outras práticas falsas para descobrir o desconhecido, consultar horóscopos, astrologia, leitura da mão, ver a sorte, etc.)
  • Atribuição de importância indevida aos sonhos, presságios, destino.
  • Todas as práticas de magia (branca ou negra) ou feitiçaria (por exemplo, bruxaria, vodu)
  • Usar amuletos
  • Jogar com quadros Ouija ou mesas giratórias
  • Espiritismo (falar com os espíritos)
  • Sacrilégio (profanar ou tratar indignamente os sacramentos, particularmente a Santa Eucaristia, bem como as demais ações litúrgicas, profanar ou tratar indignamente pessoas religiosas, coisas santas, como os vasos sagrados ou estátuas, ou ainda lugares consagrados a Deus)
  • Sacrilégio ao receber um sacramento, especialmente a Santa Eucaristia, em estado de pecado mortal
  • Simonia (comprar ou vender coisas espirituais)
  • Uso profano ou supersticioso de objetos abençoados (às vezes para se manter no pecado)
  • Materialismo prático (acreditar que se precisa somente de coisas materiais e desejar somente a elas)
  • Humanismo ateu (que considera falsamente que o homem é um fim em si mesmo, e com supremo controle sobre sua própria história, ou completamente autônomo)
  • Ateísmo em geral (rejeita, nega e duvida da existência de Deus, seja em teoria ou na prática, isto é, ignorando-O na vida diária)
  • Agnosticismo (que postula a existência de um ser transcendental que é incapaz de se revelar, e sobre quem nada pode ser dito; ou não fazer nenhum julgamento sobre a existência de Deus, declarando ser impossível prová-la ou mesmo de afirmá-la ou negá-la)

Pecados contra a fé

  • Dúvida voluntária de algum artigo da fé
  • Ignorância deliberada das verdades da fé que devem ser conhecidas
  • Falar contra uma doutrina da Igreja Católica
  • Negligência em se instruir na fé segundo o próprio estado
  • Credulidade imprudente (como dar crédito a revelações privadas muito facilmente ou acreditar em revelações privadas que foram condenadas pelas autoridades legítimas da Igreja)
  • Apostasia (abandono completo da fé)
  • Heresia (negar uma ou mais verdades da fé)

Indiferentismo (acreditar que uma religião é tão boa quanto as demais, e que todas as religiões são igualmente verdadeiras e agradáveis a Deus, ou que se é livre para aceitar ou rejeitar uma ou todas as religiões)

  • Ler ou fazer circular livros ou escritos contrários à crença ou à prática Católica de tal modo que a fé, própria ou alheia, é comprometida
  • Ouvir música cuja letra é contrária à religião católica
  • Permanecer em silêncio quando questionado sobre a própria fé (é pecado grave, se se trata da autoridade legítima que questiona)
  • Tomar parte em um culto herético ou cismático
  • Ouvir a pregação de um ministro de falsa religião
  • Aderir ou apoiar grupos maçônicos ou outras sociedades proibidas (teosofia, rosa cruz, etc.. lembrar também que Rotary e Lion’s são a porta para a maçonaria)

Pecados contra a esperança

  • Desespero da misericórdia de Deus (desistir de toda esperança de salvação e dos meios necessários para ser salvo, a não ser confundido com mero sentimento de desânimo)
  • Falta de confiança no poder de Sua Graça para apoiar-nos nos apuros ou na tentação
  • Não recorrer a Deus e aos santos nos momentos de tentação
  • Nenhum desejo de possuir a felicidade eterna no paraíso ou após a vida terrena
  • Presunção (esperar pela salvação sem ajuda de Deus ou pressupor o perdão de Deus sem conversão ou esperar obter a glória do paraíso sem mérito)
  • Presunção da misericórdia de Deus ou na suposta eficácia de certas práticas de piedade para continuar no pecado
  • Recusa de qualquer dependência de Deus

Pecados contra a Caridade

  • Não fazer um ato de caridade em intervalos regulares durante a vida, particularmente em momentos de necessidade
  • Egoísmo (alguém se preocupa somente consigo mesmo, elogia-se, é interesseiro, gosta de receber elogios)
  • Pensamentos deliberadamente revoltosos contra Deus
  • Jactância, orgulho do próprio pecado ou alardear o próprio pecado
  • Violar a lei de Deus ou omitir boas obras por respeito humano
  • Impaciência diante das adversidades e provações

II MANDAMENTO: NÃO TOMARÁS O NOME DO SENHOR TEU DEUS EM VÃO

Pecados contra o segundo mandamento

  • Desonra de Deus por uso profano ou desrespeitoso de seu Nome, ou do Santo Nome de Jesus Cristo, da Santíssima Virgem Maria e de todos os santos
  • Blasfêmia (insultar a Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo, a Igreja Católica, a Santíssima Virgem Maria ou os santos por palavras ou por gestos)
  • Ouvir músicas blasfemas
  • Perjúrio (prometer algo sob juramento sem ter a intenção de cumpri-lo, ou quebrar uma promessa feita sob juramento. Grave ou não dependendo da gravidade do perjúrio)
  • Fazer juramentos falsos ou desnecessários (chamar a Deus como testemunha a uma mentira. Grave ou não, dependendo da gravidade do que se jura falsamente)
  • Amaldiçoar a si mesmo ou a outros (se tiver intenção de dizer realmente o que disse, há pecado grave).
  • Murmurar, reclamando das disposições da providência divina
  • Quebrar votos ou promessas feitas a Deus (pode ser grave, dependendo da importância do voto ou promessa)
  • Irreverência na Igreja, falando durante a Missa ou em uma Igreja sem razão suficiente ou distrair os demais; vestindo-se de forma inapropriada na Igreja ou por qualquer outro comportamento impróprio

III MANDAMENTO: LEMBRA-TE QUE DEVES SANTIFICAR O DIA DO SENHOR

Pecados contra o terceiro mandamento

  • Omissão da oração e do culto divino; todo trabalho servil desnecessário e tudo que impede a santificação do dia do Senhor
  • Comércio desnecessário, isto é, comprar e vender nos Domingos e Dias de Guarda
  • Profanar estes dias, por frequentar companhia impiedosa, com diversões pecaminosas, jogos de azar, dança indecente, ou excessos com bebida

IV MANDAMENTO: HONRA TEU PAI E TUA MÃE

Pecados contra o quarto mandamento

Para os pais

  • Odiar os filhos
  • Amaldiçoar os filhos
  • Dar escândalo a eles ao praguejar, beber, etc.
  • Deixar que cresçam na ignorância, indolência ou pecado
  • Demonstrar parcialidade habitual para com os filhos sem causa
  • Adiar o batismo de uma criança (mais de um mês, é considerado, em geral, pecado mortal)
  • Negligência no cuidado da saúde corporal, instrução religiosa, quanto às companhias com que andam, aos livros que lêem, diversões, etc.
  • Não corrigir quando necessitam
  • Ser duro ou cruel nas correções
  • Enviar os filhos para escolas protestantes ou outras escolas perigosas (esotéricas, de outra religião)
  • Negligência em conduzi-los à Missa aos Domingos e Dias Santos de Guarda e na recepção dos sacramentos

Para as crianças

  • Toda forma de raiva ou aversão contra os pais e demais superiores legítimos
  • Desdenhar os pais
  • Desejar algum mal a eles
  • Ameaçá-los ou levantar a mão contra eles
  • Afligir os pais por ingratidão ou má conduta
  • Provocá-los à raiva
  • Ofendê-los
  • Insultá-los
  • Não ajudá-los em suas necessidades
  • Desprezo ou desobediência às suas ordens legítimas (sobretudo quanto às más companhias e diversões e quanto aos deveres de estado, como estudo)

Maridos e esposas

  • Maltrato (isto é, tratar o cônjuge sem consideração pelo bem-estar dele e sem preocupação com a caridade)
  • Colocar obstáculos ao cumprimento de seus deveres religiosos
  • Negar-se a render o débito conjugal sem ter causa realmente justa para tanto
  • Falta de paciência quanto às faltas um do outro ou dureza quanto a elas
  • Ciúmes despropositados
  • Negligência nos deveres domésticos
  • Mau humor, aborrecimento sem motivo
  • Palavras injuriosas
  • Negligências na busca de meios seguros de sustento da família por causa de preguiça ou timidez

Súditos da Igreja e do Estado

  • Desrespeitar e desobedecer aos superiores espirituais, como o Papa, os bispos e os padres da Igreja em suas ordens legítimas; comportar-se de maneira soberba e insultante em relação a eles; recusar a rezar por eles, ou pela conversão deles.
  • Deixar de rezar pelo próprio país, pelo seu governo;
  •  colocar o país acima de Deus;
  • tomar parte em questões subversivas (atividades revolucionárias);
  • juntar-se a alguma associação Comunista ou Liberal;
  • resistir às autoridades legais do país, tomando parte em alguma violência de multidão, ou perturbando a paz pública;
  • votar em partidos comunistas ou socialistas.

Para os empregadores

  • Não permitir aos empregados tempo razoável para o cumprimento dos deveres e instrução religiosos
  • Dar mau exemplo a eles ou permitir que outros o façam
  • Não pagar os salários legais
  • Não cuidar deles na doença
  • Demiti-los arbitrariamente sem causa
  • Imposição de políticas desproporcionadas

Para os empregados

  • Desrespeito aos empregadores
  • Falta de obediência em matéria que se tenha obrigado a obedecer (por exemplo, cumprindo um contrato justo)
  • Perda de tempo (sobretudo com internet)
  • Negligência no trabalho
  • Gasto de propriedade do empregador por desonestidade, por falta de cuidado ou por negligência
  • Violar politicas do local de trabalho sem razão suficiente

Para profissionais ou servidores públicos

  • Falta de conhecimento culpável no que se refere aos deveres do ofício ou profissão
  • Negligência na execução de tais deveres
  • Injustiça ou parcialidade

Para os professores

  • Negligência no progresso daqueles confiados ao seu cuidado
  • Punição injusta, inconsiderada ou excessiva
  • Parcialidade
  • Mau exemplo
  • Ensino de máximas falsas ou incertas (ensinar coisas falsas como verdadeiras)

Para os estudantes

  • Desrespeito
  • Desobediência
  • Teimosia
  • Indolência, preguiça
  • Perda de tempo
  • Dar-se a distrações inúteis (festas e recreações indevidas, internet, televisão)

Para todos

  • Desprezo das leis justas do Estado e do país bem como da Igreja
  • Desobediência à autoridade legítima
  • Desobediência das leis civis

V MANDAMENTO: NÃO MATARÁS

Pecados contra o quinto mandamento

  • Causar morte ou lesão física de alguém por ação própria, participação, instigação, conselho, consentimento ou silêncio
  • Ter a intenção de matar alguém
  • Assassinato
  • Realizar um aborto
  • Abortar, ajudar alguém a procurar um aborto (o penitente deve estar ciente que abortar, praticar ou ajudar em um aborto incorre em excomunhão, se o aborto se consumar)
  • Eutanásia
  • Retirar os meios ordinários para um paciente terminal ou moribundo
  • Suicídio
  • Tentativa de suicídio, sérios pensamentos de cometer suicídio
  • Brigar
  • Rixas
  • Ódio
  • Desejo de vingança
  • Tortura humana
  • Gula (beber ou comer em excesso)
  • Embriaguez (em que grau?)
  • Abuso de álcool, medicamentos ou drogas
  • Colocar em perigo a vida de outros (como beber e dirigir, dirigir muito rápido, etc.)
  • Colocar em risco a própria vida ou um membro do corpo sem uma razão suficiente (por exemplo, acrobacias arriscadas, roleta russa, etc.)
  • Descuido em deixar expostos venenos, drogas perigosas, armas, etc.
  • Mutilação do corpo, (como castração, por exemplo).
  • Vasectomia, ligadura ou outro procedimento para evitar os filhos (apesar da prática muito generalizada, mesmo entre católicos, trata-se de pecado mortal, ainda que haja motivos legítimos para evitar os filhos. É preciso buscar a reversão da cirurgia, se ainda existe a possiblidade de fertilidade)
  • Histerectomia (sem causa médica suficiente)
  • Inseminação artificial ou fertilização in vitro ou algo semelhante (apesar da prática muito generalizada, mesmo entre católicos, trata-se de pecado mortal)
  • Pesquisas científicas imorais e suas aplicações
  • Mau exemplo ou escândalo, levando outros a pecar
  • Desrespeito pelos moribundos ou pelos mortos
  • Não tentar evitar a guerra
  • Mostrar aversão ou desprezo pelos outros
  • Recusar falar com outros quando cumprimentado
  • Ignorar ofertas de reconciliação, especialmente entre parentes
  • Fomentar um espírito que não perdoa o próximo
  • Zombaria e escárnio
  • Insultos
  • Ações ou palavras irritantes
  • Tristeza pela prosperidade alheia
  • Alegrar-se pela miséria alheia
  • Inveja pela atenção dada aos outros
  • Comportamento tirânico
  • Induzir os outros ao pecado pela palavra ou pelo exemplo
  • Prejudicar a saúde pelo excesso de indulgência
  • Dar álcool aos outros sabendo que irão abusar dele
  • Vício em jogos de azar (coloca em perigo o sustento próprio ou da família?)
  • Tomar contraceptivos que podem ou não ser abortivos (pílulas e outros: apesar da prática generalizada mesmo entre católicos, trata-se de pecado mortal, ainda que haja motivos legítimos para evitar os filhos)
  • Uso de métodos profiláticos ou de barreira para evitar a gravidez (mesma observação do pecado precedente)
  • Utilizar métodos naturais para evitar filhos possuindo uma mentalidade contraceptiva
  • Esterilização direta (vide vasectomia, ligadura de trompas e outros métodos anticoncepcionais)
  • Causar morte ou sofrimento desnecessário aos animais

VI MANDAMENTO: NÃO COMETERÁS ADULTÉRIO

Mencionar as circunstâncias que mudam a natureza do pecado: o sexo da outra pessoa, o parentesco, o estado (próprio e do outro) de casado, solteiro ou vinculado a um voto;

Pecados contra o sexto mandamento:

  • Impureza e imodéstia nas palavras, nos olhares e nas ações, seja sozinho ou com outros
  • Contar ou ouvir piadas sujas; falar ou ouvir (consentindo) coisas indecentes, ou com duplo sentido
  • Vangloriar-se da própria imoralidade
  • Utilizar roupas imodestas (minissaias, calças apertadas, decotes arrojados, blusas e saias transparentes, biquínis, etc.)
  • Comprar, alugar ou assistir filmes, programas de TV ou ler livros, revistas ou outras coisas indecentes (não somente pornografia, mas também tudo que contenha impurezas, o que é generalizado hoje)
  • Expor-se voluntariamente a ocasiões de pecado por curiosidade pecaminosa, por manter companhia perigosa, por frequentar locais perigosos, diversões perigosas ou pecaminosas; por danças indecentes (quase todas as modernas) ou jogos indecentes; por familiaridade indevida com pessoas do sexo oposto
  • Manter companhia pecaminosa, ou morar com alguém que não é o cônjuge
  • Ser tentação nessa matéria para os outros, pelo modo de falar, de se comportar, de se vestir, ou insinuando-se
  • Ouvir música cuja letra é indecente ou cujo ritmo favoreça a sensualidade
  • Masturbação (é habitual?)
  • Fornicação (sexo antes do casamento)
  • Prostituição
  • Sodomia (práticas homossexuais)
  • Outras práticas contrárias à natureza
  • Adultério (também em pensamentos)
  • Divórcio
  • Poligamia
  • Incesto
  • Abuso sexual
  • Estupro
  • Beijo sensual, prolongado
  • Carícias ou preliminares fora do contexto do matrimônio ou dentro do contexto do matrimônio sem serem ordenadas à consumação do ato conjugal natural, com perigo de polução
  • Ato conjugal consumado de modo inapto à procriação
  • Negar o débito conjugal sem razão realmente legítima para tanto
  • Danças imodestas
  • Namoro sem tomar as devidas precauções para guardar a pureza e a fé
  • Namoro quando não deveria, sem a maturidade suficiente, sem intenção de casar-se

VII MANDAMENTO: NÃO ROUBARÁS

Quanto aos pecados contra a justiça, é preciso dizer ao sacerdote – o mais exatamente possível – o valor do que foi furtado/roubado, ou a quantidade dos danos causados pela sua injustiça, de modo que o padre possa julgar se os pecados são mortais ou não. Dizer se já restituiu. Sem a restituição ou o firme propósito de fazê-la, o pecado não será perdoado.

Pecados contra o sétimo mandamento:

  • Roubo (quanto?)
  • Pequenos furtos (por exemplo, tomar coisas do lugar de trabalhos às quais não se tem direito ou tomar dinheiro de um membro da família sem sua permissão)
  • Trapacear
  • Plágio
  • Quebra de regulamentação de direito autoral (por exemplo, fotocopiar algo sem autorização e sem ter causa suficientemente séria para tanto ou com fins comerciais)
  • Manter consigo objetos emprestados ou perdidos sem fazer uma tentativa razoável de restituir a propriedade alheia
  • Possessão de bens ilícitos
  • Aconselhar ou pedir a alguém que prejudique outra pessoa ou danifique seus bens
  • Danificar por descuido ou malícia a propriedade alheia
  • Ocultação de fraude, roubo ou dano quando se tem dever de dar a informação
  • Sonegação de impostos ao não pagar os impostos justos
  • Fraude comercial
  • Desonestidade na política, nos negócios, etc.
  • Não pagar dívidas justas no tempo correto e não fazer os esforços e sacrifícios necessários nesse sentido, por exemplo, juntando gradualmente a quantia devida
  • Não fazer a reparação ou compensação a alguém que esteja sofrendo por danos injustos
  • Aumentar os preços tirando proveito da ignorância ou necessidade alheia
  • Usura (emprestar dinheiro a altos juros a alguém em dificuldade financeira)
  • Especulação na qual alguém planeja manipular artificialmente o preço dos bens para levar vantagem com prejuízo dos demais
  • Corrupção na qual alguém influencia o julgamento daqueles que devem decidir em questões legais
  • Aceitar suborno ou oferecer suborno
  • Apropriação e uso de bens comuns de uma empresa para propósitos privados
  • Trabalho mal feito
  • Pagar salários injustos ou desprover um empregado de benefícios devidos
  • Falsificação de cheques e faturas
  • Emitir cheques sabendo que não há fundo suficiente para cobri-lo
  • Despesas e gastos excessivos
  • Não manter promessas ou acordos contratuais (sendo os compromissos moralmente justos)
  • Jogar e apostar (privando-se dos meios necessários de vida para si ou para outros)
  • Gasto excessivo ou desnecessário de bens, recursos, dinheiro ou fundos

Examine se você reparou toda a injustiça feita por você mesmo. Seus pecados não serão perdoados enquanto você recusar ou deliberadamente negligenciar fazer um reparo. Se o que você adquiriu injustamente não está mais em sua possessão, devolva o seu valor. Se não puder devolver o valor inteiro, devolva pelo menos uma parte sem atraso. Se não puder devolver de uma vez, você deve ter a firme e sincera resolução de fazê-lo o mais breve possível e deve também procurar seriamente adquirir o meio de fazê-lo. A obrigação de restituição é compulsória até que seja totalmente exonerada. A restituição deve ser feita ao dono. Se o dono não puder ser achado, você deve dar o dinheiro aos pobres, à Igreja, ou a alguma obra de caridade.

VIII MANDAMENTO: NÃO DARÁS FALSO TESTEMUNHO CONTRA O TEU PRÓXIMO

Pecados contra o oitavo mandamento

  • Mentir (a mentira chegou a prejudicar alguém, gravemente ou não?)
  • Dizer palavrões, grosserias
  • Vangloriar-se
  • Lisonja (bazófia)
  • Hipocrisia
  • Exagero
  • Ironia
  • Sarcasmo
  • Dano injusto (sem ter justa causa) ao nome alheio seja pela revelação de faltas verdadeiras escondidas (detração); revelação de falsos defeitos (calúnia ou difamação); contando histórias ou espalhando rumores. (É preciso restituir a boa fama que foi injustamente prejudicada)
  • Criticar os outros, escutar com prazer os outros sendo criticados;
  • Fazer fofocas
  • Desonrar injustamente outra pessoa em sua presença (injúria)
  • Julgamento precipitado (acreditar firmemente, sem razão suficiente, que alguém possui um defeito moral ou fez algo errado)
  • Revelar segredos
  • Publicar (sem causa proporcionalmente grave) segredos que causem descrédito aos outros, mesmo se for verdade
  • Recusar ou demorar em restituir o bom nome que foi manchado
  • Acusações sem fundamento
  • Suspeitas infundadas
  • Julgamentos precipitados sobre os outros em nossa própria mente

IX MANDAMENTO: NÃO COBIÇARÁS A MULHER DO PRÓXIMO

O nono mandamento proíbe todo pensamento e desejo impuro com os quais nos comprazemos deliberadamente, pensando neles voluntariamente ou consentindo neles de bom grado quando tais paixões ou pensamentos impuros vêm à nossa mente. O penitente deve ter em mente que se deleitar deliberadamente ou consentir em qualquer pecado listado no sexto mandamento pode ter o mesmo grau de gravidade de executá-lo de fato, isto é, trata-se de pecado mortal ou venial, segundo o pecado e conforme haja plena advertência e pleno consentimento.

X MANDAMENTO: NÃO COBIÇARÁS OS BENS DE TEU PRÓXIMO

Pecados contra o décimo mandamento

  • Inveja (desejar os bens de outrem)
  • Ciúmes (zelo para manter um bem querido longe dos outros)
  • Ganância e o desejo sem limites de ter bens materiais (avareza)
  • Desejo de enriquecer a qualquer preço
  • Negócios ou profissões que esperam circunstâncias desfavoráveis aos outros para que possam assim lucrar pessoalmente com isso
  • Inveja dos sucessos, talentos, bens espirituais ou temporais alheios
  • Desejar cometer injustiça prejudicando alguém para obter seus bens temporais
  • Alegrar-se ou consentir nos pecados contra o sétimo mandamento.

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OS PRECEITOS DA SANTA IGREJA

Além dos Dez Mandamentos da Lei de Deus, os fieis são também obrigados a seguir os Preceitos da Igreja. O poder de fazer estas leis vem de Nosso Senhor Jesus Cristo, e inclui tudo o que é necessário para o governo da Igreja e para a direção dos fieis, a fim de que alcancem a salvação eterna.

PRIMEIRO PRECEITO: ASSISTIR À SANTA MISSA TODOS OS DOMINGOS E DIAS SANTOS DE GUARDA

São nove os dias de preceito no Brasil, já que a São José (19 de março) não o é. Muitos desses dias são transferidos para o Domingo seguinte, pelo fato de não haver feriado civil.

  • Natal do Senhor (25 de dezembro)
  • Circuncisão do Senhor (1º de janeiro)
  • Epifania (6 de Janeiro. No Brasil, transferido para o Domingo seguinte)
  • Ascensão (quarenta dias depois da Páscoa. No Brasil, transferido para o Domingo seguinte.)
  • Corpus Christi (Quinta-feira depois do Domingo da Santíssima Trindade.)
  • Santos Apóstolos Pedro e Paulo (29 de junho. No Brasil, transferido para o Domingo seguinte)
  • A Assunção da Santíssima Virgem (15 de agosto. No Brasil, transferido para o Domingo seguinte.)
  • Todos os Santos (1º de novembro. No Brasil, transferido para o Domingo seguinte.)
  • Imaculada Conceição da Santíssima Virgem (08 de dezembro)

A Santa Igreja nos obriga a nos abster de todo trabalho servil nos Dias Santos de Guarda, como nos Domingos, na medida do possível. Os católicos que devem trabalhar nos Dias Santos de Guarda são obrigados a assistir a Santa Missa a não ser que sejam escusados por uma causa proporcionalmente grave. Esse preceito pode ser violado ao não assistir a Missa nos dias prescritos ou ao se chegar atrasado à Missa sem razão suficiente. Dependendo da qualidade e da quantidade do atraso, pode ser pecado leve ou grave.

SEGUNDO PRECEITO: JEJUAR, ABSTER-SE DE CARNE E FAZER PENITÊNCIA NOS DIAS PRESCRITOS

A lei da abstinência obriga aqueles que completaram 14 anos de idade até o fim da vida. A lei do jejum obriga aqueles que atingiram sua maioridade (18 anos) até o início de seus 60 anos.

Jejuar significa comer menos comida do que normalmente se come. Nos dias de jejum, é permitido comer uma refeição completa e duas outras menores que, juntas, não passem a quantidade de uma refeição completa. Os dias de jejum são a Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira Santa.

Nos dias de abstinência, é proibido comer carne. Os dias de abstinência são: todas as sextas-feiras do ano e a quarta-feira de cinzas. No Brasil, a abstinência pode ser comutada (salvo na quarta-feira de cinzas e na sexta-feira santa) por outras formas de penitência, principalmente em obras de caridade e exercícios de piedade. Uma penitência substituta permitida poderia ser: dizer um terço, a Via Sacra, visitar os doentes ou presos, etc. O mais aconselhável é guardar a tradicional abstinência.

TERCEIRO PRECEITO DA IGREJA: CONFISSÃO DOS PECADOS MORTAIS AO MENOS UMA VEZ POR ANO

A Santa Igreja insta-nos a confessar-nos freqüentemente, mas nos obriga a fazê-lo somente uma vez por ano para admoestar aqueles que possam ter a presunção da misericórdia de Deus, o que é um pecado contra o Espírito Santo. Os pais devem preparar seus filhos para a confissão tão logo a criança aprenda a distinguir o certo do errado (isto é, por volta dos sete anos de idade). A obrigação de se confessar uma vez por ano obriga somente àqueles que cometeram um pecado mortal e não se confessaram por pelo menos um ano.

QUARTO PRECEITO: RECEBER A SANTA COMUNHÃO DURANTE O PERÍODO DA PÁSCOA

O período da Páscoa para a comunhão pascal começa na Quinta-feira Santa e termina no Primeiro Domingo depois de Pentecostes (Festa da Santíssima Trindade). Entretanto, após ter recebido a Primeira Comunhão, é fortemente recomendado que se receba este magno Sacramento freqüentemente durante a vida (mesmo diariamente, se possível, como recomendado pelo Papa São Pio X).

QUINTO PRECEITO: CONTRIBUIR PARA O SUSTENTO DA IGREJA E DE SEUS MINISTROS

Este preceito requer que cada um preste auxílio às necessidades materiais da Igreja conforme suas possibilidades.

SEXTO PRECEITO: OBSERVAR AS LEIS DA IGREJA NO QUE TANGE À CELEBRAÇÃO DO MATRIMÔNIO

Casei-me ou ajudei alguém a se casar, sem a permissão da Santa Igreja, diante de um oficial do Estado ou de um Ministro protestante ou acatólico? Ou sem a dispensa necessária para os graus de parentesco proibidos? Ou com qualquer outro impedimento conhecido? Separou-se sem causa justa? Separou-se e juntou-se com outra pessoa, em segunda união?

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Oração para depois da confissão (após sair do confessionário)

Meu bom Jesus, quão bondoso sois! Oh! quem nunca vos ofendera! Apesar de ter sido tão ingrato para convosco, ainda me recebeis na vossa amizade. Podíeis ter me dado a morte, quando eu estava em pecado; podíeis ter me sepultado no inferno para castigar a minha ousadia em transgredir a vossa lei. Mas o vosso amor superou à minha ingratidão e trouxestes-me aos vossos pés para aí me pordes de novo em vossa graça e tranquilizardes o meu coração. Bendito sejais, ó meu Deus misericordioso! Não permitais que eu perca de novo a graça recebida! Antes morrer, que ofender-vos! Meu bom Jesus, minha Mãe Maria Santíssima, meu anjo da guarda, valei-me, para que não torne a pecar.

(Manual da Paróquia, 1942, p. 91)

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Método de Confissão

Penitente. Abençoai-me, Padre, porque pequei.

Sacerdote. Dominus sit in corde tuo et in labiis tuis, ut rite confitearis omnia peccata tua. In nomine Patris, et Filii, et Spiritus Sancti.

P. Amen.

Sacerdote. Que o Senhor esteja em teus lábios e em teu coração para que possas confessar bem todos os teus pecados. Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.  P. Amém.

Penitente. Eu, pecador, confesso a Deus todo poderoso, à bem-aventurada sempre Virgem Maria, ao bem aventurado Miguel Arcanjo, ao bem-aventurado João Batista, aos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, a todos os Santos, e a vós, Padre, que pequei muitas vezes por pensamentos palavras e obras, por minha culpa, minha culpa, minha máxima culpa. Portanto, peço e rogo à bem-aventurada sempre Virgem Maria, ao bem-aventurado Miguel Arcanjo, ao bem-aventurado João Batista, aos santos Apóstolos Pedro e Paulo, a todos os Santos, e a vós, Padre, que rogueis a Deus Nosso Senhor por mim.

Penitente. Minha última Confissão foi há … (dizer a data da última confissão, ao menos aproximadamente.) Em seguida, o penitente se acusa de seus pecados, dizendo o tipo de pecado e as circunstâncias que podem mudar a espécie e se for grave, o número de vezes que o cometeu. Depois da confissão dos pecados, o penitente diz: Acuso-me destes pecados, de todos os que não me lembro e dos de minha vida passada. Deles peço perdão a Deus, e a vós, Padre, a penitência e a absolvição.

O Sacerdote faz uma pequena prática, dá os conselhos necessários e exorta o penitente à contrição e à confiança na misericórdia divina, incentivando-o ao amor para com Deus. Após as palavras do Padre, o penitente recita o ato de contrição:

Senhor meu Jesus Cristo, Deus e homem verdadeiro, Criador e Redentor meu, por serdes vós quem sois, sumamente bom e digno de ser amado sobre todas as coisas, e porque vos amo e vos estimo, pesa-me, Senhor, de todo o meu coração, de vos ter ofendido; e proponho firmemente, ajudado com os auxílios de vossa divina graça, emendar-me e nunca mais tornar a vos ofender; espero alcançar de vossa infinita misericórdia o perdão de minhas culpas. Amém.

ou:

Meu Deus, porque sois infinitamente bom e amável, tenho muita pena por vos ter ofendido. Com a vossa graça, é o meu firme propósito não mais voltar a vos ofender. Amém.

O sacerdote recita a fórmula de absolvição.

Sacerdote. Ide em paz.

Laus Deo Virginique Mariae

Fonte: https://missatridentinaembrasilia.org/2013/08/28/instrucao-exame-de-consciencia-para-adultos/

Como um ‘relógio desregulado’…

Como um ‘relógio desregulado’…

“Disseste-me uma vez que parecias um relógio desregulado, que bate fora de horas: estás frio, seco e árido à hora da tua oração; e, pelo contrário, quando menos era de esperar, na rua, entre os afazeres de cada dia, no meio da balbúrdia e da gritaria da cidade, ou na quietude laboriosa do teu trabalho profissional, surpreendes-te orando… Fora de horas? Certo… Mas não desaproveites essas badaladas do teu relógio. – O Espírito sopra onde quer.”

Caminho, ponto: 110.

Já lhe ocorreu de estar realizando algum dever, estar em algum lugar ou, em alguma situação tanto de alegria ou de conflito e ter vontade de rezar, fazer uma petição ou render graças a Deus. Já lhe ocorreu em um momento aleatório, de fato fora de hora, ter todas as palavras que no momento em você separou para rezar lhe faltava e se não fosse pelo momento em que se encontra você pararia para se colocar em oração, porque lhe parece que esse é momento certo!?

Quando acontece essas ‘badaladas fora de hora’ invés de nós colocarmos em oração podemos pensar: “vou deixar para outro momento”, podemos ignorar, rejeitar esse sopro do Espírito Santo que nos convida a rezar, porém quando deixamos para hora que ‘julgamos’ ser certa, o sopro já passou, como uma brisa que toca nosso rosto num instante e depois se esvai, você tem que aproveitar aquele momento, não sabemos quando acontecerá de novo.

Pode acontecer de ao limpar a casa, ou num momento de estudo, num momento mais tranquilo no trabalho Deus sussurrar na nossa alma, e podemos nos distrair ou pensarmos “aqui não, aqui não é momento, agora é trabalho, agora é tarefa”, e não aproveitar esses toques de graça.

Devemos ter um momento certo pra nós recolher, para rezar e esses podem ser difíceis, eu sei… Mas não devemos desperdiçar o convite que Deus nos faz ao longo do dia para estar com Ele, para falar com Ele, para se unir a Ele, se você está montando uma planilha no escritório, ou se está lavando o banheiro, todo momento é o momento certo para rezar, a oração deve se estender para toda nossa vida cotidiana, não ser algo à parte, de forma discreta interiormente é possível voltar nosso olhar a Deus e colher bons frutos.

Quero lhe fazer um convite, de atenção e docilidade, quando você estiver fazendo algo e ‘seu relógio’ estiver desregulado, você ouvir essa badalada, não deixe pra depois, reze onde estiver no momento que estiver, interiormente, discretamente, com simplicidade e de verdade.

Deus constantemente nos convida a está com Ele e unidos a Ele saberemos como viver melhor, e dispor das coisas da melhor forma possível, para sua gloria, bem das almas e nossa santificação!

Deus abençoe!

São Josemaria Escrivá, rogai por nós!

FONTE: livro Caminho, São Josemaria Escrivá

Rezar enquanto trabalha?

Rezar enquanto trabalha?

ℕa movimentação de nossa rotina de trabalho ou da nossa rotina cotidiana, podemos ser pegos pela seguinte pergunta: é possível rezar durante o trabalho? Dá para rezar estando no ônibus indo trabalhar, por exemplo, ou enquanto se faz trabalhos domésticos?

Existem dois momentos diferentes quando se trata da oração. É possível rezar dedicando-se integralmente à oração e é possível rezar dedicando-se parcialmente à oração. Nada nos impede de rezarmos enquanto trabalhamos, porque podemos rezar sempre. À essa oração se dá o nome de oração informal. Porém, sabemos que nós também podemos rezar em um momento somente de oração. À essa oração se dá o nome de oração formal.

Devemos saber que, se a atividade principal de um momento determinado for rezar, deve-se parar tudo para rezar, cessar de fazer outras coisas. Mas se a atividade principal de um momento determinado for trabalhar, é possível trabalhar e rezar, como por exemplo rezar o terço com um vídeo do YouTube enquanto se faz as lidas da casa.

Em Lc 18, 1, Nosso Senhor propõe a parábola da viúva perseverante para nos mostrar que “é necessário orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo”, e São Paulo também nos diz em 1Ts 5, 17: “orai sem cessar”. Portanto, devemos estar na presença de Deus o tempo todo, o tempo todo estar com Deus.

Entretanto, apesar do “orai sem cessar”, precisamos ter momentos específicos para rezar, e nesses momentos, tudo para. É nesse momento que devemos derramar a nossa alma diante de Deus: por isso o momento de pausa é importante. A oração formal é a ocasião para fazer a oblação do tempo a Deus, oferecendo-Lhe uma parte do nosso dia. É dizer a Deus: “este tempo é teu, e só teu”. Podemos ficar impressionados depois de uma ligação com um amigo: “nossa, deu 50 minutos”, mas para o Senhor, não podemos dizer indefinidamente: “Jesus, estou com certa pressa e por isso vou ser rápido”.

Posso levar a oração para o restante do meu dia através da oração informal, podendo assim viver na presença de Deus e orar sem cessar, santificando o meu dia.

Referência: POSSO REZAR enquanto trabalho? Canal Padre Paulo Ricardo. [S.l.] Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=bjGEm2KDN5g>. Acesso em: 28 jul. 2021.

PARA QUE UM DIA POSSAMOS “FLORIR” PARA VIDA

PARA QUE UM DIA POSSAMOS “FLORIR” PARA VIDA

Há uns anos atrás, ganhamos um vaso com violetas com suas folhas bem esverdeadas e com cor viva em suas flores, belíssima. E como gosto de plantas e flores, fui pesquisar um pouco como mantê-la viva e havia descoberto que não se deveria molhar as folhas, pois ficam manchadas com possibilidade de apodrecerem e não podiam ter contato diretamente com os raios solares, mas devem receber luz, não podiam estar expostas a temperaturas altas e que elas podem florescer o ano todo, principalmente no verão. Então me empenhei em cuidar dela, deixava-a dentro de casa, tomava cuidado para seguir as instruções, não molhar as folhas, não regar muito, que também é importante e como é normal na natureza as flores murcharam.

Esperei que ela viesse florir novamente, mas sem sucesso, a violetinha deixou de abrir botões, um ano se passou e nada, sem querer eu molhava as folhas e estás ficavam pobres e feias, o tempo passava e nem sinal de um botão, nem sinal de flor.

Rapidamente me lembrei de Leônia, a violetinha da família Martín, e pensei muito rapidamente, que não à toa a chamavam de violetinha, pensando bem agora, a violeta é modesta, simples e delicada, um tanto difícil de ser mantida e para mim era difícil de vê-la florescer. Vendo que não ia florir, a coloquei do lado de fora de casa, onde ela tomaria sol, chuva, frio e teria sombra, iria deixá-la, ou ela viveria, ou morreria de vez, a princípio a violetinha ficou feia, suas folhas estavam morrendo e de fato parecia que não a veria florir, passado um tempo, eis que surge botões, finalmente iria ver outra flor, depois de tanto tempo… As flores que floriram, entretanto não tão bonita como antes. Tinha “imperfeições”, era tão frágil, mas após essas primeiras flores, as demais que vieram mostraram-se mais bonitas, modestas e simples. As folhas secam, caem, mas outras flores nascem, a violetinha está sempre a florir e o vaso permanece no mesmo lugar, onde está exposta a toda mudança de tempo.

 Ao ver processo da violetinha, não lembrei somente de Leônia, mas da minha própria alma, do processo que temos para chegarmos ao termo de nossas vidas, quando somos batizados e recebemos os sacramentos, temos tudo para “florir”, mas, devido o pecado original, e tantas imperfeições, desordens, e pecados que cometemos nossa intimidade e união com Deus apodrece, murcha e muitas vezes parece que não tem solução, que não vamos conseguir alcançar a santidade; quando recomeçamos, há um caminho árduo, nos deparamos com nossos defeitos, pecados, e más inclinações. Podemos até fazer alguma ação e notar algum amor próprio, por exemplo, as orações, o recolhimento a princípio será difícil, e isso escrevo não para desanimar e sim encorajar, sim, isso mesmo, mas encorajar no que?

Há revestimo-nos com paciência e humildade, mesmo que as primeiras “flores” não sejam perfeitas, sabemos que quando se cultiva uma planta deve ter paciência para esperar seu crescimento até surgir os primeiros botões e então esperar elas florescerem e da mesma forma devemos cultivar a vida interior, pois é preciso perseverança, humildade, e como escrevi, paciência, usar os meios que nos é dado para cultivar intimidade com Deus, para que possamos adquirir virtudes e crescermos na caridade, alguns podem cair no risco de querer fazer tudo pelas próprias forças, e se frustram; nós colaboramos com a graça de Deus, pela busca sincera da santidade, sacramentos, vida de oração, pedindo o dom da fé, mas santidade é um Dom de Deus, Ele que faz crescer as virtudes, é Ele que nos dá graça do seu Amor, é Ele que nos fará santos, os santos que Ele quer que sejamos. Em um trecho da Imitação de Cristo explica muito bem isso: “tudo que temos, na alma e no corpo, todos os bens que possuímos, internos e externos, naturais e sobrenaturais, todos são benefícios Vosso (de Deus), e outras tantas provas de vossa bondade, liberalidade e munificência, que de vós todos os bens recebemos.”

   A família de Leônia a confiou a Deus, Santa Zélia, rezava por sua filha, e Leônia, a violetinha, simples, modesta e humilde floriu, morreu em odor de santidade. Que possamos nos abandonar nas mãos de Deus, busquemos com coração sincero a união com Ele, o cumprimento de sua vontade a cada dia, Ele irá dispor do que for melhor para nossas almas, assim como a violeta que ficou exposta ao sol, frio, sombra, chuva e ventos, confiemos em Deus, se Ele permite alguma provação, ou aflição, ou secura, Ele não nós deixará sucumbir, paremos um momento, e rezemos pedindo a Deus o dom da fé, da perseverança no cumprimento de sua vontade para que por sua graça possamos também um dia “florir” para a Vida Eterna.

Falta de tempo, ou de amor…?

Falta de tempo, ou de amor…?

 “A ociosidade é inimiga da alma” é o que foi regido por São Bento em sua regra, no ponto que é dito sobre ‘trabalho manual quotidiano’, basicamente, ele deixa claro para seus monges que se deve evitar o ócio, por meio da lectio divina, ou leitura espiritual, ou meditação, ou como ele mesmo diz “caso o irmão for tão negligente e preguiçoso que não queira ou não consiga meditar ou ler, deve receber alguma obra manual para que não fique ocioso” e ainda para mostrar, creio eu, não só a importância do trabalho manual para os monges, mas também o mal que causa o ócio para alma. O santo diz em sua regra “quem faz isso ­– se entrega ao ócio, preguiça – prejudica não somente a si mesmo, mas corrompe os outros”. Sim, hoje meditaremos sobre a ociosidade ou a famigerada ‘preguiçinha’.

  • Ociosidade significa: indolência, moleza, preguiça. O ócio é uma fadiga da alma, fazendo-nos fugir do cumprimento de nossos deveres, a sermos negligentes, corrompendo não somente a nós mesmos, mas o nosso próximo, abrindo a porta para outros pecados, e aumentando as más inclinações e consequentemente impedindo nosso progresso espiritual, vamos vivendo a nosso bel prazer, sem forças para lutarmos, sem ânimo para amarmos e nos fazendo adiar até mesmo nossa conversão.

 Precisamos saber a hierarquia das coisas e bem organizá-las, pois temos a realidade na qual podemos colocar as coisas, nós ou outros em primeiro lugar, consequentemente, tudo virará bagunça, mesmo parecendo que não, e quem devemos amar, quem deve estar em primeiríssimo lugar em nossa vida é Deus. Como no primeiro mandamento, devemos ama-Lo sobre todas as coisas: de todo coração, de toda alma, de todo o espírito e com todas as nossas forças. Se buscamos ama-lo, viveremos melhor, aprenderemos dispor de tudo por amor a Ele, a lidar com frustrações, a amar nosso próximo, pois Ele é bom mestre, é o Bom Deus que ajuda as almas de boa vontade que se apenham em agrada-lo.

Acontece que nos apegamos e damos demasiada atenção a coisas que pode ser necessária, mas é um meio e não fim, ao invés de usar os meios para o fim, que é Deus. Os meios se transformam no fim, e nessa bagunça toda enchemo-nos de tantas atividades para fazer que no final damos a mesma desculpa “não tive tempo”, “fiz tanta coisa hoje”, “estou cansado”, “não dá”, “não consigo” e sem perceber Deus vai ocupando o segundo lugar, o terceiro e quando nos damos conta O esquecemos; “ora” – talvez você pense – “mas não estou sendo preguiçoso(a), estou trabalhando, tenho que estudar. O que tudo isso tem a ver com preguiça, etc., etc.”… Como disse de fato estes são meios que precisamos e não fins, quem deve ocupar o primeiro lugar, ou pelo menos deveria, é Deus, Ele deve ser o centro de nossas vidas e por isso o que fazemos deve nos conduzir a Ele. O ‘lema’ de São Bento é justamente “Ora et labora” ora e trabalha, mas notem que a oração antepõe ao trabalho, como era expresso por São Cipriano “nada se anteponha Cristo, pois Ele nada antepôs a nós”.

Que triste saber que antepomos tantas coisas a Cristo, Ele que nada antepôs para nossa salvação…  

Li um texto interessante sobre preguiça, e me chamou muita atenção porque ao lê-lo pude ver algumas consequências que pode passar despercebidas que nem ao menos sabemos que possa ser preguiça, como o ativismo. O trabalho dignifica o homem e é um meio de santificação, como já citei, o problema é quando vamos enchendo-nos de tantas tarefas, temos o dia cheio para tudo, e não temos tempo para a oração, para Deus, nos dispomos a muitos afazeres que podem esperar que não são prioridades, ou inventamos qualquer coisa para não evitar o silêncio, para não parar, não rezar, parece que tudo é mais importante menos estar com Deus, e no final temos a “bela” justificativa “tenho tantas coisas a serem feitas, não tenho tempo!”;

Tem também a ordem defensiva a ordem é uma virtude, precisamos de uma rotina justamente para dispor melhor do dia, no cumprimento dos deveres, para servir o próximo e para melhor amar a Deus. O tempo da oração deve estar pautada sob a ordem oblativa, e não defensiva, e é importante saber que se algum imprevisto me ocorre ou se algo muda o plano d’Ele é melhor que o meu e ali poderei exercer as virtudes que tanto peço em oração, a ordem é uma virtude, um meio para chegar ao fim, e não deve ser uma forma de defesa, intocável, onde fico na mesmice, onde não aceito contrariedades.

Em contrapartida há algo perigoso que é o simplesmente ficar sem fazer nada esse é mais simples de reconhecer e abre espaço para a impureza, não à toa que quem sofre com imaginário afetado pela pornografia, ou tende a impureza de pensamentos, um dos conselhos que é dado que vai além da confissão e da oração é o trabalho manual, “a mente vazia é oficina do diabo” – já ouvimos muito, é importante ter uma ocupação, buscar ser útil e o trabalho é um ótimo meio para esse tipo de ócio, ou seja, evitar ficar à toa, como diz São Bento, busque uma leitura, estudo, ocupar-se com coisas santas e puras, ou simplesmente trabalho manual como já foi dito.

Nosso corpo quando entregue a preguiça, por mais inofensiva que pareça, torna-se como uma criança mimada que chora e esperneia ao menor sinal de esforço, que reclama por nada ou por muito pouco, e por isso é facilmente carregado pela correnteza, que caminha como quem carrega um grande fardo, o que é dito sobre a Vida de S. Bernardo, um grande ensinamento que podemos e devemos trazer para nossas vidas: “se é preciso amar seu corpo, ele o ama como a um próximo, que é preciso, portanto amar como a si mesmo, mas no fim das contas, não se trata realmente de “si mesmo”. E é ao corpo que ele diz “tu és terra e a terra retornarás” e ele mesmo ensina “o corpo é um estorvo, um incessante entrave, por suas necessidades aos exercícios espirituais. Ele (o corpo) nos arrasta para baixo” e finaliza “só gosto do meu corpo por causa da minha alma”, de fato a porta é estreita, se mimamos nosso corpo demais só nos causara danação e se o apertar demais sufoca-o, devemos fixar em Deus nosso olhar.

Não sei em qual as consequências a preguiça tem tido espaço na sua vida, talvez use a da “aparência da pessoa cheia de compromissos”, ou na ordem não como virtude, mas “defesa” ou talvez pelo “descanso” do dia, tarde ou noites desperdiçadas enfrente de telas – nos enganamos achando que isso é descanso – nas inúmeras desculpas em deixar para depois, para amanhã, mas veja para “cada preguiça” há um remédio, é preciso arregaçar as mangas e usar os meios que é dado, é necessário também mortificação, oração, coragem. Será que todas as vezes que me desculpei dizendo que “não conseguia” sendo que nem tentei; “to cansado”, mas não para passar horas a fio no celular, jogos ou TV; “não tenho tempo” será mesmo ou não quis priorizar a Deus. Será que essas desculpas são justas, verdadeiras, ou infelizmente é falta de amor a Deus? Não tive tempo, ou não O amei?

Precisamos ser como o grão de trigo que morre para que produza seus frutos, extirpar de nossas vidas reclamações, desculpas e ter diligencia priorizar a Deus e dispor da melhor forma o nosso dia, cumprir com zelo o dever de estado, e não ter medo de se gastar por amor para o amor, é dito que quem ama sempre da um jeito, se amamos e buscamos amar cada vez mais a Deus daremos sempre um jeito de estar na sua presença e de dar provas desse amor, e isso ensina bem São Bernardo:

Vocês querem saber de mim e em qual medida é preciso amar a Deus? Eis a minha resposta: o motivo de nosso amor por Deus é ele mesmo, a medida de ama-lo é ama-lo sem medida […] Deus merece ser amado e é vantajoso amar a Deus [“…]”.

Vida de São Bernardo de Claraval.

Olhemos para vida de Cristo, que foi trabalho, sofrimento, entrega contínua, esvaziamento de si, não havia preguiça ao pagar o preço de nossa redenção, meditando sua paixão nesse tempo propício saberemos quem devemos ser e como agir!  São Bento e São Bernardo de Claraval, rogai por nós!

FONTE: Vida de São Bernardo de Claraval

A regra de São Bento

https://padrepauloricardo.org/blog/eu-preguicoso

PINTURA: The Angelus, Jean-François Millet (1857-1859)

“Descascar nabos por amor a Cristo”

“Descascar nabos por amor a Cristo”

“Certo dia encontrava-se São Rafael trabalhando na cozinha quando, repentinamente, uma luz penetrou-lhe a alma impelindo-o a exclamar: “O que faço eu, Virgem Santa? Descascar nabos! Descascar nabos… para quê? “
E o coração pulando no peito contestou-lhe sem refletir: “Eu descasco nabos por amor a Cristo!”.
Veio-lhe então uma paz muito grande no mais fundo da alma, acompanhado pela ideia: “O mero fato de pensar que no mundo se pode fazer das menores ações da vida, atos de amor a Deus; que o fechar ou abrir um olho em seu nome, nos pode levar a obter o Céu; que descascar nabos por verdadeiro amor a Deus, pode dar tanta glória a Ele e a nós tantos méritos, como a conquista das Índias; […] É algo que enche a alma de alegria!”.
E conhecidos: “Na realidade para ganhar o Céu nos é pedido muito pouco”, pois, como afirma Santa Teresinha do Menino Jesus, Deus “olha mais para a intenção do que para o valor da ação”.”

SÃO RAFAEL ARNÁZ BARÓN, Escritos op. cit., n.787

Nestes dias deparei-me com esse trecho, retirei de uma página dedicada ao Santo trapista Rafael Arnáz, no qual particularmente nutro grande carinho devido à simplicidade de seus ensinamentos, o grande amor e abandono a vontade de Deus. A principio ia somente compartilha-lo na minha rede social, mas algo me chamou atenção, penso que esse “estalo“, esse momento de descoberta sobre descascar nabos por amor a Cristo poderia alcançar mais pessoas e ajudar-nos a ter um olhar atento no modo no qual realizamos nossas tarefas, afinal de contas trabalhamos, estudamos, nos socializamos, fazemos muitas coisas o que não é ruim em si mesmo, porém fazemos tudo de forma desatenta, estamos desnorteados e por vezes quando fazemos algo aparentemente comum, ou insignificante, aos nossos olhos, não sabemos aproveitar seu verdadeiro valor enquanto realizamos tantas coisas ao longo do dia, porém estas mesmas são desperdiçadas, que lástima…

São Rafael não estava no coro a rezar, ou recitando a liturgia das horas, ou na Santa Missa, ele estava a trabalhar na cozinha, e mesmo no seu trabalho ele mantém um diálogo com a Virgem Maria exclamando o “pra quê” ele estava a descascar nabos, qual mérito teria sua ação, de que isso valeria — afinal ele é monge e ali está para rezar também pelas almas. Mas ao dialogar com essa Mãe Bendita que não cessa de nos socorrer e que está disposta a nos aproximar de Seu Filho, ele obtém a resposta e brilha diante de si o “óbvio”: por AMOR a Cristo, pronto! Não é descascar aqueles nabos, o ofício em si mesmo, mas o modo: que é simplesmente fazer o pouco que fazemos cada um segundo sua vocação, puramente no amor, por amor e para o amor¹ e que alegria a paz verdadeira nos vêm à alma quando colocamos nossas intenções nos ‘trilhos’. Porque também somos chamados por amor a Cristo a limpar a casa, lavar louça, recolher brinquedos espalhados, a cozinhar, a organizar as planilhas, a realizar nosso trabalho a viver nossa vida, por amor e para o amor; o monge tem por vocação dar-se inteiramente a Deus, oferecer-se pelas almas, rezar por nós e essa era a vocação de São Rafael, mas, além disso, o seu maior chamado era Amar a Cristo, este também é o nosso maior chamado.

Não significa, porém que isso será feito com suspiros e arroubos, não, isso será feito com certa dificuldade e teremos de nos empenhar, pois tendemos, principalmente quando temos o habito de fazer a mesma coisa, a cair no relaxamento, a fazer por fazer, podemos deixar cair no esquecimento que estamos diante da presença de Deus, não só quando estamos na missa, ou rezamos o terço, mas continuamente, parece obvio, mas infelizmente o obvio tem de ser dito, daí que desanimamos que deixamos passar inúmeras oportunidades de amar a Deus, de progredirmos espiritualmente.

São Rafael descobriu que era tudo por amor a Cristo, entendeu até que o fechar ou abrir um dos seus olhos em seu nome, nos pode levar a obter o Céu. Ele, como citei nos parágrafos anteriores descobriu o segredo escondido, ele não fugiu, tampouco deu desculpas “ah, mas sou monge deveria estar no coro a rezar”, não, ele realizou seu trabalho na cozinha, sem brilho, nem gloria, para glorificar a Deus, porque sua vocação e a nossa também não é num “checklist”, mas é um conformar nossa vontade a de Deus,  é aprendermos a sermos generosos, entender que se as pequenas obras são estimuladas com a virtude do santo amor, e estão em bom odor diante da majestade de Deus, em consideração a elas, Ele aumenta a santa caridade². Deus fala conosco em nossa circunstância, se Ele quer falar conosco quando estamos a “descascar nabos” que assim seja, parece complicado, mas não é, porque de fato nos é pedido muito pouco para ganhar o céu, quando é por amor que vivemos, o que fazemos adquiri brilho, beleza, nossa vida torna-se fecunda.

Que a Virgem Maria nos ajude a termos um puro amor a Deus e a estarmos atentos a sua Doce Voz, para que possamos então com coração enamorado em tudo aquilo que fizermos e no final de nossa vida exclamar: “É por amor… Foi por amor”!

São Rafael Arnáz, rogai por nós!

1. (Sermon pour le I dimanche de Carême, IV, 230).

2. (Amour de Dieu, I, III, cap. II, I, 457).